terça-feira, 15 de julho de 2008

O baque do documentário Estamira

Estranhou que um filme focado na deficiência mental e restrições sociais da personagem principal não a deixasse ligeiramente mais down que de costume. Entendeu o que os amigos do teatro queriam dizer com a definição loucura lúcida da retratada. Seus desvarios fazem muito sentido, especialmente nos pontos em que critica o quanto os remédios psiquiátricos a deixam dopada, que as pessoas do lixão são escravos disfarçados e que sua depressão não tem fim – perfeitamente compreensível pelo histórico de abuso familiar, bordel, briga de faca com marido traidor, estupros... São tão tristes o cenário, a trilha e seus desvarios que chega a ser poética a definição “minha cabeça parece um copo com sonrisal”. Que Deus que nada, ela protesta, pois o mesmo não parece comparece ao Aterro Sanitário de Gramacho. Milagrosamente, do lado de cá da TV, algo divino a fez ficar constrangida de não conseguir gostar do seu trabalho – e a pobre catadora adorar o lixão! Vontade de encenar e escrever sobre loucura que sua mente também é um palco criativo em constante ebulição...

Nenhum comentário: