segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Só com os alternativos...

...um programa prosaico como levar bebida, "bobajitos" e violão para a Praça do Por do Sol pode virar uma noitada e espantar meu sono terceira idade.
...me sinto a careta da turma e não a mais doida varrida do grupo.
...surpresas boas e baratas como peças não comerciais e circuito musical extra jabá podem salvar uma noite, tarde ou fim de semana sem idéias.
...o salário rende sobremaneira até o fim do mês.
...os cinemas de rua lado B da Paulista são um show à parte.
...apresentações gratuitas em parques não viram programa de índio pela falta de cadeiras.
...dançar noite adentro com pés de valsa em balada mais em conta não estressam por ser a frequência pouco paquerável.
...boteco bom e barato é fonte de risada na certa!
...viagens para albergues da juventude são uma incursão antropológica no primeiro mundo sem sair do País.
...programações gratuitas, achados no Sesc e programas próximos ao metrô são um bálsamo nas contas abaladas por recentes surtos consumo descontrol.
...mantra, vivência, meditação e retiro lavam a alma do stress produzido em horário comercial.
...me sinto mais em casa que nunca!

Minhas quase férias...

Curtidas quando ganhei passagens para a Disney na festa de fim de ano da Eldorado AM e fui pra esbórnia do consumo descobrir com a tia executiva bem sucedida viciada em lipoaspiração que ao contrário do que imaginava, os parques lá são para adultos. Me rendi ao paraíso dos bichos de pelúcia, tirei fotos, fui paquerada por um monitor gringo na fila, rodei o mundo sem sair do lugar na área dedicada aos países, me irritei quando não me acreditaram brasileira, comi bobagem, senti saudade de fruta, corri das montanhas russas, passei na imigração, comprei máquina fotográfica, voltei à infância!
No Carnaval do Espírito Santo com vizinhos e madrinha de crisma, estranhando a tranquilidade da região até descobrir que capixabas migram pra Bahia nessa época, quis descer no Rio com o trânsito da região dos Lagos, fugi das moquecas,ri com a guia turistica, me "emplastei" com filtro solar, tirei sarro do meu pai a excursão inteira com meu quase irmão mais velho, tornando meu patriarca a piada favorita de todo o ônibus...
Conheci Sergipe pela revista Viaje Mais Por Menos com um tempinho para curtir o "Nordeste para descansar", esquadrinhei a capital planejada do estado, passei vontade de esporte radical no Cânion do São Francisco com os vizinhos de hotel e colegas de profissão, me deliciei no mercado Municipal, perdi o preconceito gastronômico, me empanturrei rezando nos quiosques à beira mar, estranhei o marrom das águas e os sergipanos indicarem a praia baiana Barra Grande como a mais bonita do estado.
Quando curti a serra gaúcha com a amiga de profissão e de greve da Casseta Mercantil, me deliciei no café colonial, sonhei com a época do festival de cinema de Gramado, tirei foto sem coragem de encarar a cascata de Canela, me perdi no labirinto de Nova Petrópolis, tirei foto de época e voltei no tempo numa foto sépia, abandonei o churrasco gaúcho e me apaixonei pelo torteli numa tipica chácara italiana, com queijos e presuntos caseiros, em Campestre da Serra e devo ter voltando cantando, como acontecia nos plantões do Canal Rural...
Quando me "aboxonei" pelo 1o e único gringo da minha vida no Rio de Janeiro, bebemorei no bar da garota de Ipanema, fiz yoga na Lagoa, esperei as nuvens do mal tempo deixarem fotografar o Cristo, conheci a cultura do mundo no albergue da juventude, desisiti do passeio na TV comunitária da Rocinha devido ao preço proibitivo do passeio alternativo e me espantei com os representantes do mundo no albergue todo enlouquecidos pelo nosso Pais.
Quando conheci as meditações dinâmicas do Osho no litoral norte, fiquei em estado de graça com aquele mar hipnotizador, me senti em casa com os colegas sanniasyns libertários como eu e subi nas pedras pra deixar a natureza me arrebatar.
Quando gravei o programa Próxima Parada pela Rede Mundial em Monte Verde, coloquei açúcar no vinho seco com a produtora porra louca como eu, descobri o quanto é fácil improvisar em passagens de assuntos triviais como o turismo, matei o frio com massa inesquecível, fiquei apaixonada pelas pousadas e passei vontade com as trilhas, que só seriam conhecidas anos depois em lua de mel.
Quando passei o Reveillon da minha vida com a ex cunhada metade em Fortaleza e metade na Praia da Pipa, fiquei sem fala em frente às falésias, comi peixe ajoelhada, dancei forró no Pirata, ri com os golfinhos na baia potiguar e relativizei a falta de luz com uma turma divertida.
Quando após pedir qualquer coisa menos uma viagem embarquei num mini cruzeiro comemorativo dos 15 anos da Editora Europa, com pit stop em Ilha Bela, me choquei com os preços em dólares nessa praia, tomei banho de Jacuzzi no navio, tive barato sem beber com o mar bravo rumo à Portobelo, enjoei do clima de gala dos bailes, teatro, loja, restaurantes e cassino do navio, me perdi mirando as estrelas deitada na parte de cima do navio, brinquei de Titanic com colegas chapados de profissão e morri de rir com as repórteres comédia da empresa.
Quando assisti ao histórico show dos Stones na praia de Copacabana, com amiga de religião, yoga e profissão, ri a viagem inteira com os físicos comédia da USP, me esqueci no quarto coletivo do albergue da juventude após uma manhã deitando e rolando no esquema fritado à milanesa na praia, encontrei o tio porra louca na platéia mais entupida da história carioca e me senti numa micareta voltando pro albergue entre o púbico de 2 milhões.
Pratiquei yoga e virei musa do fotógrafo num retiro de yoga no interior de São Paulo. fiz vivência de eutonia, meditei, virei de ponta cabeça, fiquei em paz no meio do mato, confirmei minha paixão pela culinária ovolactovegetariana e conheci o mestre Krishnamurti entre os livros da pousada.
Estudei massagem, ganhei livro anarquista do sociólogo do curso de yoga massagem ayhurvédica em São Roque, meditei cedinho, fiz yoga à beira da lagoa, bebemoramos o niver de uma das colegas furando o esquema sem álcool do retiro, abrimos as escápulas à exaustão nas práticas, chorei a cântaros na quase formatura e ouvi gafanhotos na mata à noite até que os insetos quase me carregassem em bandeja para seu banquete.
Devia ser suficiente cerca de 52 dias de férias pra 12 anos de estrada profissional, mas meu corpitcho está dando tilt e se recusando a agilizar nesse fim de ano...

No fim do ano chove muito...e viva o sol!

Há semanas ela se perguntava se estava sonhando quando ensaiava uma música e encontrava voz que ressoava, quando recitava uma poesia e era completa pelo outro, quando ao invés de correr, queria ficar, quando o signo e os traumas não colaboravam, mas as palavras, as atitudes e os ambientes sim. Quando os sonhos batiam. Quando as vontades casavam. Quando a ansiedade milagrosamente entrava em slow motion. Quando dava um passo atrás e observava desconfiada o sobe e desce da paixão. Quando esquecia o rosto do pseudo homem da vida dela. Quando ouvia mantra junto. Quando as vontades eram as mesmas. Quando fazia planos que já tinha acostumado a traçar em carreira solo. Quando baixava a guarda. Quando tirava a dor com a mão. No momento em que ficou no ar, sem chão, sem jeito, sem entender, sem fala, se perguntou com o coração partido: o que podia esperar de uma história começada num evento batizado de Um Lugar que Não Existe? Material para conto de fadas pós moderno. Era uma vez...

Lucinda Você Seria Contra um Verdadeiro Amor?

Imagine uma jovem que contesta a autoridade da madrasta, a igreja, viajou o mundo e traz em si a ânsia libertária da Europa. Transporte para uma época em que as mulheres não tinham voz ou vez. E insira ainda uma paixão fulminante pela professora de francês da família. Esta é a tônica da peça Lucinda, em cartaz pela última semana no Teatro dos Arcos, às quartas e quintas às 21h, Rua Jandaia, 218 tel.: (11) 3101-7802.
O retorno dessa pioneira, praticamente uma anarquista à casa da família após a morte da avô desestrutura toda a tirania da autoritária matrona, que subjuga filhas e a enteada mais nova. Como se não bastasse, questiona os dogmas com o padre manipulador da inocência de outra jovem, faz a confusa e solitária mestra questionar o casamento quase forçado com o advogado da família e ainda corta as asinhas do preconceito familiar com a empregada da casa.
Ela é um sopro de frescor num ambiente hostil, tradicional e negativamente matriarcal, em que não se questionavam as regras e imposições. Descobre que o pai deixara a casa para ela e a irmã, embora a madrasta mandasse e desmandasse a seu bel prazer. Deixa familiares com a pulga atrás da orelha e todas as dúvidas do mundo sambando em suas cabeças recém abertas por seus palpites de que "o casamento anula a mulher". Para ansiosos incorrigíveis, a grande lição, não por acaso vinda da professora é que não adianta apressarmos o tempo, pois ele corre em seu próprio ritmo. Uma grata surpresa das noites culturais alternativas recheadas de adoráveis atores anônimos!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Um Lugar Que Não Existe

Quando as palavras
ressoam como inacreditavelmente
familiares, embora o som seja novidade
Quando se sonha alto
mas o medo recua
e algum sino interno toca
era o que se esperava
quase a vida inteira
Quando a afinidade
espanta o cansaço
Quando o início de uma música
é completa em dueto
Quando a ânsia de escrever
encontra aconchego semelhante
Quando os escritores de um
são recitados pelo outro
Quando idéias sonhadas
não despertam receio
Quando a voz
agita as borboletas no estômago
Quando um solta a voz
e o outro acolhe
Quando o que é meio febre
meio vertigem convulsiva
se acomoda e abre espaço
Quando as aproximações se alternam
Quando tudo é novo
e apesar do histórico prévio de dores e amores
se arrisca mergulhar no abismo
Quando ressoa longe
além do tempo e espaço
Talvez seja hora de acolher
sem pressa, entre assovios, sensorialmente
Deitando na rede
do sensitivo
Francine Machado