terça-feira, 22 de abril de 2008

Párem o mundo que ela quer descer

Não foi de crise existencial que tratou a coluna de hoje do Jabor (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080422/not_imp160581,0.php), mas a frase de Oswaldo Giacoia Jr.: ''O insuportável não é só a dor, mas a falta de sentido da dor, mais ainda, a dor da falta de sentido'' é meticulosamente perfeita para crises existenciais.
A prisão trabalhista, a mãe estilo judia "enfia a cabeça no forno", a coleção de homens sabonete e agora também a amiga cutucam a gastritetão incisivamente, que só resta ter uma incrível capacidade de rir da sua desgraça, pois a vida não tem pé nem cabeça, paciência, o personagem de Amores Perros tinha razão "se quiser fazer Deus rir, conte a ele seus planos".
E o que é a dor da falta de senso de noção que nada do que se falou, fez ou pensou serve mais e é preciso se reinventar, renascer, crescer de repente, largar as antigas amarras, abrir mão das velhas máscaras perto do caso da menina Isabella, no que se julgou uma nova "escola Base"? Com o perdão da palavra, picas! O sofrimento individual não é nada perto do quanto a humanidade chora, já dizia o budismo e pela inflamação dos que exigem justiça à porta da casa dos pais da guria, há muitos raivosos assassinos em potencial circulando livremente por aí.
E pensar que a mamma se preocupou quando soube que o amigo colorido tinha filhas, de tanta repercussão Isabella veiculada na mídia. Não entendeu: "acha que mataria também? São aborrescentes, mas também não é para tanto..." Que nada, a progenitora tinha certeza que a madrasta tinha caído de pára quedas na tragédia toda. E tudo indica que não. Todos se perguntam como adultos com caras de normais matam uma menina. Guardadas as devidas proporções, é como querer entender pq o fulano desencantou, pq a mãe pega no pé quando não dá motivo, pq o chefe procura pelo em ovo, pq a amiga "espizinha" sabendo que aquilo faz querer cortar os pulsos... Entender, racionalizar, explicar o que foge a qualquer lógica. Botar razão onde ela não existe. A vida não tem lógica, quase nunca, é patética e essa dor é inominável. Compreensível a opção dos suicidas, alcóolatras, narcóticos, viciados em nicotina. É impossível que passar pro outro lado seja pior que isso aqui, certamente o purgatório. Só não vai pelo mesmo caminho, pq ao contrário do chefe que não acredita desde Deus até astrologia, crê em tudo. Consoladoramente. É a primeira vez na vida que espera que o mundo acabe em barranco para morrer encostada, pq correr e empacar no mesmo ponto começa a brochar qualquer esboço de intenção. Como dizia a colega "bem aventura ignorância". Pena que quando percebemos que quanto mais cultura temos, mais impossível ser feliz, não conseguimos nos livrar de toda cultura adquirida e virar um capiau do mato. Será que o condutor da vida louca vida pára fora do ponto quando o estômago embrulha e é preciso saltar do busão?

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Tocando em Frente

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe
Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei
E nada sei
Conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar,
é preciso paz pra poder sorrir
É preciso chuva para florir
Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou
Conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir
É preciso chuva para florir
Todo mundo ama um dia, todo mundo chora
Um dia a gente chega, no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
E cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
Conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir
É preciso chuva para florir
Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história
E cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

Almir Sater e Renato Teixeira

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Em obras

Permitir que a vida surpreenda às avessas é uma espécie de alumbramento em constante processso de construção. Há que se modelar o arrebatamento aos poucos, como quem cola cacos de uma porcelana desconhecida, sem saber onde aquilo vai dar, mas se encantando com o processo. Há algo de tranquilo e pulsante no que vem aos poucos, sem pressa, nem urgência ou tentativa vã de conter a correnteza. Um misto de estranhamento e expectativa no descortinar de uma troca, sempre nova. Sempre único o compartilhar. Não tira o chão, mas também não se mantém indiferente. Tatear o mundo do outro é ficar em paz e ao mesmo tempo desadolescer? à segunda vista pode ser um borbulhar, um desabrochar mútuo...