terça-feira, 15 de julho de 2008

Fornecedor de Puteiro

Estranhou o vizinho de luzes esfuziantes na rua de cima, sempre com engravatados estilo guarda roupa 3 X 4 à frente. Não resistiu ao ímpeto de quem nasceu repórter e morrerá perguntando mais do que o bom senso aconselha ao leão de chácara em questão, quando lhe esclareceram: “é um clube privê”. Não combinava com a antiga fama de novelas televisivas da “casa da luz vermelha”, pois ostentava neon verde ligeiramente brega e retrô. Praticamente esqueceu da existência do distinto estabelecimento comercial, já que não prestava serviços para nenhum jornal, revista, site, rádio ou TV que possibilitasse um “furo de reportagem”, com o perdão do trocadilho infame. Meses depois, se pegou rindo sozinha do local novamente. Encontrou uma perua totalmente adesivada, “bandeirosa”, estacionada à frente, com site e desenhos de “possíveis moças de vida fácil”. Imaginou como seria um fornecedor de puteiro. A negociação. “O movimento está muito acima do esperado? Levaremos reforços rapidamente! Precisam de nota? Loira, ruiva ou morena? Barba, cabelo ou bigode? Cama, mesa e banho? Gabriela Cravo e Canela ou loira gélida irlandesa? Descarrego na entrada de serviços ou na frente da casa? Gritos ou sussuros? Sadomasoquista ou serial killer? Frígida ou Anais Nin” ? Nada de moral ou bons costumes influenciam estas linhas, até pq não faz parte da tradição família e propriedade, mas não deixa de ser divertido exercitar o ácido humor cáustico que virou sua marca registrada...

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