terça-feira, 29 de julho de 2008
Busca
um sentido na vida
às vezes encontro
às vezes ele se perde
Busco na ânsia
de fazer a diferença
insisto em querer melhorar o mundo
me apaixono perdida e desarvoradamente
por possibilidades, amores, amigos, livros, peças, filmes
teimo em acreditar
no outro, seja ele quem for
minha alma insiste em ser criança
ah, o mundo adulto me cansa
gosto mesmo é de esquecer que é de mentira
no palco ou na platéia
Mas é em cena
que volto para uma casa nova
incrivelmente familiar.
Francine Machado
Miedo de la intención
que no pasa nunca
que siente que la pasión
no es eterna
que los sueños siempre
nos ponen despiertos
después de poco tiempo
Que dolor es esa
que me quitó las gañas
de intentar de nuevo
Que dolor es esa
que haz con que
no pueda ni siquer llorar
Que dolor es esa
que no quiera mas arriesgar
Que dolor es esa
que viene con miedo de la intención
El abuelo me mira y explica
es el dolor de la vida niña y no tiene curación
Francine MACHADO
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Ganho de loteria por bolão de funcionários provoca abandono de emprego coletivo
Se ganhasse a mega sena
Eu fundaria uma produtora cultural em que trabalharíamos descalços, com os cachorros de cada um em volta, com grama no fundo para reconectar com a natureza, sala de descompressão para gritos, com jogos, máquina de Nescafé, pão de queijo, Ferrero Rocher e acompanhamento para colaboradores com sobrepeso, computadores que não dão pau, mesas personalizáveis, zero regras corporativas sem pé nem cabeça, só clientes culturais, sociais, zen, de saúde e educação com conteúdo, levaria um palco itinerante com comédia e drama para lugares onde nunca passou nem sombra de teatro, estudaria fotografia, leis de incentivo, espanhol, italiano, campos energéticos, teatro e design.
Me renderia à esbórnia consumista de retiros que me deixa no vermelho.
Comeria todos os dias em restaurantes ovolactovegetarianos.
Conheceria todos os botecos da Vila Madá, Pinheiros e Vila Mariana antes que fechem.
Veria todas as peças e filmes, compraria todos os livros, teria um MP3, câmera digital, um celular bandeiroso.
Compraria e aprenderia a andar numa vespa a prova de retardado sem marcha.
Aprenderia a costurar, cozinhar, cantar e modelar em material maleável.
Viraria arte terapeuta, ensinaria TV comunitária no Heliópolis.
Faria terapia transpessoal, corporal, somaterapia, regressão...
Mochilaria pela Espanha, Itália, França e Leste Europeu.
Teria dois filhos nas escolas mais alternativas e caras dessa cidade.
Me tornaria arte educadora e ensinaria no colégio municipal que está implantando o projeto de pedagogia libertária escola da ponte.
Teria um closet de bolsas, sapatos Selo e Thádiva, roupas Elvira Matilde, Castilho e Brazoo.
Me oficializaria como o baluarte da resistência alternativa hippie retardatária entre meus amigos.
Publicaria meus livros, poesias e histórias em quadrinhos.
quarta-feira, 23 de julho de 2008
SONETO DE ANIVERSÁRIO
Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos
Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.
Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura
E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura:
Que vê envelhecer e não envelhece
Acredite se quiser, esse e os dois anteriores são de Vinicius de Moraes, descoberta recente de uma surpreendente face mística do saudoso poeta: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080723/not_imp210520,0.php
TARDE
Meu espírito te sentiu.
Ele te sentiu imensamente triste
Imensamente sem Deus
Na tragédia da carne desfeita.
Ele te quis, hora sem tempo
Porque tu eras a sua imagem, sem Deus e sem tempo.
Ele te amou
E te plasmou na visão da manhã e do dia
Na visão de todas as horas
Ó hora dolorosa e roxa das emoções silenciosas.
SONETO DE LONDRES
Que angústia estar sozinho na tristeza
E na prece! que angústia estar sozinho
Imensamente, na inocência! acesa
A noite, em brancas trevas o caminho
Da vida, e a solidão do burburinho
Unindo as almas frias à beleza
Da neve vã; oh, tristemente assim
O sonho, neve pela natureza!
Irremediável, muito irremediável
Tanto como essa torre medieval
Cruel, pura, insensível, inefável
Torre; que angústia estar sozinho! ó alma
Que ideal perfume, que fatal
Torpor te despetala a flor do céu?
Até os Poetas "Sabonetam"
mas a troca de idéias literárias foi irresistível
E-mails e torpedos instigadores
"escreve você também"
conhecendo um natureba depois
não nos importamos com os atrasos nos pedidos
Entre um latino e outro da mostra
descobrimos amiga em comum
Mas não foi naquele dia que sua massagem
me fez perder a linha
No meu primeiro sarau, a história ficou pública em soneto
ao vivo e a cores
Não é todo dia que me deixam
vermelha como meu cabelo
Troca de poemas e frases de efeito pelo celular
inteligência é mesmo afrodisíaco
Mais uma noite bem e mal dormida
e o seu receio com minha falta de freio
quem é que segura a onda
com essas palavras tão adoráveis?
Até os poetas "sabonetam", mas a gente perdoa
num encontro inesperado noite adentro
você com cara de Rodrigo Santoro
lembrando pessoas especiais que adoro
combatendo a ansiedade e amando no escuro...
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Aos meus companheiros nadadores
é tão grande e agitado, que existem
aqueles que ficarão com medo.
Eles tentarão se agarrar nas margens.
Eles sentirão que estão sendo dilacerados
e sofrerão imensamente.
Saibam todos que o rio conhece seu próprio destino.
Os antigos dizem que devemos
nos soltar das margens,
nos empurrar para o meio do rio
mantendo nossos olhos abertos e nossas
cabeças acima da água.
E eu digo:
Veja quem está lá no meio com você e celebre junto.
Neste momento na história, nós não
devemos ver nada pessoalmente,
muito menos a nós mesmos.
Porque no momento em que fizermos isto,
nosso crescimento e nossa jornada espiritual
irão se interromper.
O tempo do lobo solitário já se esvaiu.
Vamos nos unir, banir a palavra
esforço de nossas atitudes e do nosso vocabulário.
Tudo que nós fizermos agora,
terá que ser feito de uma forma sagrada
e envolvida de genuína celebração.
Nós somos aqueles que nós mesmos aguardamos
Mensagem dos anciões da tribo indígena norte americana Hope
De manhã abençoada
no escritório de sérios e sem graça
A ponto do diretor admitir a inveja branca:
- Queria ser assim logo cedo.
Das risadas de colegas admitindo sentir
o que só ele verbalizou abafarem seu conselho espontâneo:
- Namore mais então!
Não resiste à tentação e ouve o CD
disfarçando com fone de ouvido
a Hilda Hilst e Zeca Baleiro
violentado o ambiente corporativo
Almoça onde se conheceram
se desculpa com a caixa ou dona - não sabe ainda
de tanta queixa pelas etiquetas tão pouco fiéis
aos pratos do quilo com sabor de comida da mãe
conta que lá conheceu um misto de poeta, escritor, revisor e redator
Carrega no pescoço o meio terço meio colar
feito pela cantora que o produziu recitando mantra
e abençoando a noite perfeita do 1o sarau dela
Duas vezes vermelha de timidez na mesma semana - raridade!
Uma pela declaração ao vivo e a cores
Entre músicos, poetas e cantores - em casa!
Outra pela trilha sonora da manhã abençoada
ganha antes do horário comercial
Suspira sonhando com a publicação dessa troca de versos
tem medo quando admite sonhar em se casar num sarau
E ri certa de sua pretensão de que é a única bem amada da empresa
agradece a cada santinho pendurado no pescoço
a volta da escritora poeta inspirada adormecida.
Francine Machado
Sobre como chegar nem humorada numa manhã de trabalho coletivamente desfavorável
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Quase Amor
qualquer coisa entre a amizade colorida e a paixão
Esse quase amor
O torpedo inesperado
um convite em cima da hora
a expectativa de algo mais
uma amiga em comum
os clichês de que nada é por acaso
que o mundo é mesmo "muito redondo"
as afinidade literárias, cênicas
a surpresa dos talentos musicais
meio poeta, meio ator
O que fica no ar
Esse não saber
Um limbo de encanto com algum desconforto
as borboletas pousadas no estômago
voltam a dar rasantes
a graça da dúvida
a bolha de sabão do quase amor
pairando no ar
Francine Machado, poeta libertária irrompendo na reunião mega corporativa
Oceano
têm um quê de mar indeciso
já molhamos os pés outras vezes
mas redemoinhos afastaram nossas praias
e tive dó de te deixar de conchas na mão
com olhar sem saber onde pousar
Arriscamos novos mergulhos
com a marola entre os joelhos
porém nossos encontros são feitos de desencontros
e me escapas pelos dedos
feito a "areia que canta" em Brotas
Não fazemos bolhas n´água
Não nos permitimos perder o chão sob os pés
A água continua salgada, mas seu gosto tem outra textura
Assistimos o vôo alto das gaivotas
e invejamos as braçadas corajosas das crianças ao longe
As conchas caem n´pagua
como mudas testemunhas de um quase amor que não aconteceu
Soltamos as mãos e caminhamos sozinhos
de corações meio incompreendidos
levando maresia meio nostálgica e melancólica
entre os lábios
Francine Machado
terça-feira, 15 de julho de 2008
O baque do documentário Estamira
Carta aberta ao estômago
Fornecedor de Puteiro
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Carpe Diem... ou perderá o "timing"!
Reencontrou um amigo no MSN que sempre admirou, perguntando por colegas bonitas, inteligentes, espiritualizadas... Não resistiu a uma fase em que quase se engraçaram e perguntou se não podia ser ela. Ouviu que logo que separou ele a encontrou no supermercado e levou um susto por se sentir atraído, mas quando a visitou no antigo apê, já separada, não rolou mais química, embora achasse que estava ainda mais bonita. Perderam o timing dessa potencial abortada história, mas entendeu que gostar e desgostar fogem à razão, explicação e racionalidade e começou a agitar uma amiga para ele.
Reviu a amiga do antigo trabalho no aniversário do namorado dela, com direito a comida árabe e colegas de rádio e TV, que não estão contentes com o que recebem, mas com o que fazem sim. Sente que não está contente nem com um e nem com o outro. Quase morre de saudade doída de redação. Mas não está dando conta de bancar sua esbórnia de pré datados do surto consumista zen intelectual parcelando cursos e retiros e dos plantões devezemquandários de sua atual prisão trabalhista, muito mais espaçados que os de redação. Perdeu o timing de voltar para redação, mas sabe que esse cárcere semi aberto é temporário, pois já está estudando para outra paixão - a cênica.
Amou o curso de espanhol vivencial feito com professor divertido como os de cursinho, no espaço que mais se sente à vontade - o palco e com uma turma reduzida o suficiente para treinar conversação. Porém o trabalho, o trânsito, o cansaço, o stress e a necessidade de descompressões periódicas com os amigos e familiares a impossibilitaram de estudar tanto quanto gostaria. Perdeu o timing de cursos que exigem dedicação extra classe, mas prometeu para si mesma que ainda correrá atrás do prejuízo num mochilão com direito a pit stop na Espanha.
Passou três vezes na Une num dia de folga para tentar adiantar a carteirinha de estudante, já que a de transporte leva 15 dias pela faculdade. Como é jornalista e não sabe fazer conta, provaram que ficaria mais caro fazê-las separadamente. Convidada para um churrasco de campanha política de candidato ligado ao PT, carente de participação no movimento estudantil durante sua estada acadêmica, filha de pai sindicalista e disposta a perder o preconceito contra aborrescente por realmente querer trabalhar com arte educação, compareu. A overdose de cigarro a fizeram ficar do lado de fora da casa, o baralho a cansou, questionou o trabalho de formiguinha do PC do B e Psol, o churrasco atrasado às 14h e a gastriste a obrigaram a fugir para um quilo e passar a tarde com uma amiga tomando sol no parque de papo para o ar. Perdeu o timing do movimento estudantil.
Adota o carpe diem como filosofia de vida e jura que não perderá o timing de mais nada! Antes se arrepender de ter feito do que de não ter tentado...