segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

O vício de sentir borboletas no estômago

Nem tudo são flores nem mesmo en su dia de cumpleaños! Minha room mate se ofendeu com meu jeito "meio trator" de fazer primeiro e avisar ou pedir depois, mas os irmãos de coração sempre se entendem no fim das contas e fizemos as pazes dois dias depois. Um alívio, pois apesar do jeito bagunceiro e espaçoso dela, por ser do bem, sempre faz falta! A outra chateação foi o duplo furo de um amigo que deixou suas intenções ligeiramente nebulosas de uns dias para cá... Mas o pior ainda estava por vir! Acho que todo meu inferno astral só acabou mesmo no dia seguinte, quando fiquei sem carona para a balada do segundo dia de comemorações da minha fase balzaquiana, que acontecia fora do horário de funcionamento do transporte público. Antes disso cheguei pra lá dos 45 minutos do segundo tempo da aula de yoga que queria repor com minha amiga, que me permitiu curtir o finzinho de uma interessantíssima prática em formato de mandala. E como rendeu esse fim de aula! Quatro horas de papo depois quase perdi o último metrô, por uma boa causa. Comprovando minha dificuldade de "aterrar", caí e ralei a mão, o joelho e o quadril como na pré infância. Tinha esquecido como dói! Só fui de táxi para a tal balada pela amiga da época em que ainda chupava dedo e ligava pedindo socorro, pois um mala desses que só se encontra de madruga estava no pé dela na casa noturna. O taxista tentou me convencer a ir com ele para um hotel. Nada contra tiozinhos Sukita, que já me engracei com alguns que "enganavam bem", mas não estava com roupa de "quenga" e me encostei na porta para me jogar carro afora caso ele insistisse, na convicção "antes ralada que violada, balada à lá independence day nunca mais". Como se não bastasse a falta de senso de noção desse motorista, fui deixada na rua errada, numa altura em que tive que andar até chegar cansada na balada - até aí tudo bem, sempre ando com sapato confortável, mas quem atravessa a Nove de Julho com aqueles canteiros de metal alto "anti pedestre"? Tomei um energético, resgatei minha amiga da "conversa para boi dormir" do tal "economista da Hershey´s", sem direito a chocolate para degustação, adorei a música anos 80, mas como tenho pavor de caixas claustrofóbicas pulsantes, vazei uma hora depois. A comemoração final no dia seguinte foi beeeem família, muito mais parente que amigo se empilhando um no colo do outro no meu apertamento próximo à civilização. No último dia desse longo fim de semana, me senti mais em casa que nunca no centro budista em que o lama gaúcho confirma o que já desconfiava: "não se pode levar a vida muito a sério". Matei a vontade de vinho depois da abstinência pré exame de sangue e endoscopia bem na semana do meu aniversário. Confirmei que sou uma fresca enrustida ao perder a vontade de ir à Índia vendo Viagem à Darjeeling. Vi que meu amigo tem razão: o músculo tem memória - meses longe da massagem e fiz meu colega dormir mesmo assim, que a vida é surpreendentemente divertida e que a nossa capacidade de fazer revoar as borboletas eternamente pousadas no estômago é infinita.

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