quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

O jornalismo está morto – ou pelo menos moribundo!

Bem que o José Simão, colunista impagável da Folha, decreta: o JN devia mudar o nome para BO, só tem notícia deprê! Nunca paro atrás de TV ou entre uma troca e outra de banheiro de cachorro, quero dizer, de atenção aos jornais impressos que abastecem a lavanderia lá de casa.
Há poucos dias li um “textículo” no jornal Destak ou Metro, que os dados nos faróis me confundem, como se não bastasse uma jovem ser “esquecida” numa cela masculina em que vários presos a violentaram, a juíza “esqueceu” de notificar que sua transferência era urgente! É de embrulhar o estômago!
Dias depois, esperando para fazer exame num desses laboratórios com sede em tudo que é bairro de Sampa, estranhei a Ana Maria Brega chorando em seu programa matutino. Não dava para saber do que se tratava, que a legenda só acompanhou o jornal anterior, transmitido via TelePrompter de estúdio, previsível pacas.
Aguardo pois as funcionárias prestativas me atualizaram rapidamente: a foto do menino que provocava soluços na apresentadora era de um “aborrescente” de 15 ou 16 anos, suspeito de ter furtado uma moto em Bauru, que saiu andando detido de casa e chegou morto ao Hospital. Agora os policiais vêem Tropa de Elite e acham que é para passar que nem trator em cima de todos que despertarem sua fúria? Não por acaso, minha prima historiadora alerta que o longa é fascista. Só não perdi a fome pois desconfio que o jejum para colher o sangue tenha ultrapassado a quantidade de horas recomendadas.
Dias depois passeando com o meu cachorro quase gato [voltemos a esse palpitante assunto depois], tive que parar dois policiais, que brincavam se por ser jornalista não estava com gravador ligado, para saber o que a corporação dizia daquela barbaridade, parodiando os poéticos gaúchos. Pode não parecer, mas adoro ouvir o outro lado. Disseram que meia dúzia suja os 120 mil de toda a corporação, que não serão mais PM, que a imprensa só fala do que fazem de pior e não dá as boas notícias. Sempre lembro do Ricardo Kotscho, ex assessor do Lula, que lamentava pois hoje em dia quando se propõe uma pauta, não fazem quando outros veículos não falam dela e antigamente se levava uma matéria adiante quando não havia outro impresso ou eletrônico tratando daquilo. Resultado: a cobertura é repetitiva, pasteurizada. Quem provou cientificamente que os leitores, ouvintes, internautas e telespectadores só se interessam pelas desgraças? É um medo de fugir ao óbvio. Minha amiga da yoga tem razão, o jornalismo morreu. Rezemos uma missa de sétimo dia para encomendar esse defunto, que já está cheirando mal...

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