sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Quando a chuva aperta

Não parece pedir demais
ter alguém a quem abraçar
quando a chuva aperta
Ou perguntar quando o resultado
do exame não é familiar:
- Será que é grave?
Pedir cafuné quando entro com o traseiro
e o trabalho com o pé:
- Pode ser que repita antigos erros,
que ainda tenha o que aprender,
mas lá não era pra você mesmo!
A quem confessar quando morre
o pai da amiga de infância:
- Se fosse o meu, pirava!
Dividir encantos numa peça,
filme, viagem, show, retiro:
- Não é lindo?
Alguém pra rir da comida queimada...
- É, não levo jeito mesmo!
Pra acender a luminária, o incenso,
por um som, puxar o cabelo
beijar a nuca e esquecer da hora...
Acordar atrasada, ir trabalhar bem humorada...
Fazer as velhas borboletas
pousadas no estômago darem rasante
e um divertido frio na barriga...
E se tudo isso vier sem rótulo,
sem apego, sem rejeição,
só com o riso à toa fácil
e as surpresas entre uma palavra e outra
Aí é o bilhete premiado da loteria

Francine Machado

Um comentário:

Unknown disse...

Cara...é lindo!!!
Vc escreve super bem!!!
Beijos
Loló Neves