quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Ode às mais corajosas

Acaba de cometer uma violência inevitável contra si mesma: depilação. É realmente inacreditável que a pessoa repita aquele processo de não saber o que dói mais: a cera quente queimando até o útero ou a depiladora puxando e levando as trompas embora. Entre uma limpezinha e outra é de se desconfiar: "fiquei estéril"? Como isso não impede de ter filhos no futuro?
É sempre uma incógnita se a coragem para o repeteco mensal voltará. Caminhar para a salinha com maca, esquentador de meleca e ventilador é como imaginar o que a boiada sente rumo ao abate. Depois é como TPM, plantão e aborrescência: sempre passa e ao fim, a dita cuja se coroa como a mais corajosa das pessoas. Anda pelas ruas crente que pode encarar qualquer bucha.
A depiladora ainda tem a cara de pau de perguntar se quer limpar outras partes do corpitcho. Impossível, ainda está se recuperando do trauma. Lembra das colegas que depilaram uma axila ou verilha e não tiveram coragem para o outro lado. Uma até desmaiou. Tem vontade de encabeçar uma campanha pela manutenção da natureza como ela é, que se tem pelo aí, alguma função deve ter, proteção, sabe-se lá. Mas desconfia que não ganhará adeptos, como quando defende a manutenção da cutícula.
E para coroar todo o traumático processo, a pessoa volta para casa convencida de ter adquirido a coragem dos recrutas de Resgate do Soldado Ryan, põe a lingerie mais bonita do armário e aguarda, claro o bofe reparar, comemorar, soltar fogos de artíficios, dar ipi, ipi urra! para a coitadinha ainda em convalescência do limpa aqui e ali, mas qual o que, o bonito passa batido e vai para os finalmentes... Só elas reparam nos detalhes?

Nenhum comentário: