quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A cidade de minha infância

..já não tem mais o cheiro
que misturava café,terra vermelha e chuva
já não tem mais sabor de Tubaína
e de bolinho de chuva
já não tem mais meu avô
cruzando a cidade de bicicleta,
comparecendo aos bailes da saudade,
puxando bloco de idosos do Carnaval
e caindo da árvore com as crianças da rua
já não tem mais as brincadeiras na rua
a rede na varanda
e as madeiras nas paredes.
O primo chamado no diminutivo
já de olha de cima e muda a voz,
paquera a menina de cabelo colorido
e me faz lembrar na algazarra adolescente do ônibus
que também fiz isso uns anos atrás
a terra da minha infância já não tem mais
as brigas com minha tia
os bate boca sem hora para acabar
e o eterno tomar as dores da mãe
a terra da minha infãncia
não tem mais o cachorro ciumento me mordendo
a visita a cada parente de histórias longas
e a graça da balada brejeira
e os risos da adolescência, prolongamento da infância
o norte do Paraná
ainda tem primo com os olhos cheios d´água
abraços aguardados, favores sem preço,
avô adotada da prima com conselho sábio de ansiã,
um parque sem muros e grades,
um ônibus que sempre atrasa,
a prima que ainda não corta cabelo
e parece que morrerá sonhando com o que não fez
A Cambé de antigamente ficou no céu da minha lembrança.
Francine Machado

2 comentários:

Rods disse...

Cheiro de terra misturado com café.

Palavras que tem cheiro este texto. E doses embriagantes de nostalgia.

Adorei o texto.

Unknown disse...

Muita nostalgia, saudades eternas do avô sem igual...ah desculpa a festa brejeira hehehehe e a falta de tempo.