quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Libertação íntima

Stella não tem um bom relacionamento com os estilistas de calcinhas brasileiros. Já teve dias de fúria com eles: chegou em casa, arrancou a roupa íntima, pisoteou, tacou fogo e jogou no lixo, de tanto que as costuras laterais machucam. Acha que ou elas são lindas com prazo máximo de utilização até que o aspirante a amigo colorido ou coisa que o valha se anime - mesmo isso acontecendo tão rápido quanto o ronco pós oba oba, ela ainda recita o mantra baixinho: "tira, tira"... Ou são confortáveis que dão a impressão que assaltou a avó - nem ela mesma se comeria com aquelas roupas íntimas. Conheceu uma colega que já tirou a calcinha no carro, durante o trânsito. Não é a única que se machuca com ela, definitivamente. Só a prima cuja pele pode ser classificada como casca de mulata não se incomoda com nada: costuras, etiquetas, depilação: nada a afeta. [Suspiro: pausa para uma inveja branca momentânea]
Havia lido há décadas uma matéria libertadora na VIP que classificava mulheres que curtem caleçons ou quase cuecas como intrigantes, interessantes, sabe-se lá. Guardou com carinho a frase, embora publicada numa revista masculina com fotos de gostosas fingindo tesão. E finalmente usou o horário de almoço para comprar calcinhas estilo "shorts jogadoras de vôlei brasileiras", suficientes para usar durante uma semana, até que a diarista da qual é completamente dependente retorne para a limpa semanal. E viva a libertação íntima!

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